quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Hora Deserta


E por algum instante ser apenas falta
Ser a hora mais deserta que habita em nós
Ser nada, desamparo de qualquer exílio
Ser a estrada que vazia reverbere a voz
Da vida e pulse toda
A vida pulse toda
Lobão

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Poética

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de shakespeare

- Não quero mais saber de lirismo que não é libertação.

Manuel Bandeira

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Time


Desenho de Tiago Vieira.

Time - He's waiting in the wings,
he speaks of senseless things,
his script is you and me, boy.

Time - He flexes like a whore,
falls wanking to the floor,
his trick is you and me, boy...

Time - In Quaaludes and red wine,
demanding Billy Dolls
and other friends of mine...
Take your time.

The sniper in the brain, regurgitating drain,
incestuous and vain, and many other last names.
I look at my watch it say 9:25 and I think "Oh God I'm still alive!"

We should be on by now...
We should be on by now.

You - are not a victim...
You - just scream with boredom!
You - are not evicting time.
David Bowie

domingo, 12 de outubro de 2008

Human Nature


"You wouldn't let me say the words I longed to say
You didn't want to see life through my eyes
[Express yourself, don't repress yourself]

You tried to shove me back inside your narrow room
And silence me with bitterness and lies
[Express yourself, don't repress yourself]

Did I say something wrong?
Oops, I didn't know I couldn't talk about sex
[I musta been crazy]
Did I stay too long?
Oops, I didn't know I couldn't speak my mind
[What was I thinking?]

You punished me for telling you my fantasies
I'm breakin' all the rules I didn't make
[Express yourself, don't repress yourself]

You took my words and made a trap for silly fools
You held me down and tried to make me break
[Express yourself, don't repress yourself]

Did I have a point of view?
Oops, I didn't know I couldn't talk about you
[What was I thinking?]

And I'm not sorry... It's human nature."
Madonna

sábado, 11 de outubro de 2008

Chibi Eliana Mara


Tentando passar toda a fofura da profa pro papel...

Oficina em sala de aula - 10.10.2008

Mais um aula fora de nossa sala habitual... Dessa vez, houve uma união entre a turma de Oficina da professora América e a nossa. Todos ao ILUFBA, numa sala audio-visual, assistir a apresentação de um seminário dos alunos da outra turma, com direito a debate e a lanche.

Numa sala cheia, aconteceram as apresentações. Assuntos variados trabalhados em cima de diversos textos passados por América.
A primeira aluna a se apresentar comentou sobre a liberdade de leitura e interpretação, fazendo considerações sobre o ato de estudar.
Uma das apresentações que mais me chamou atenção foi um diálogo entre dois alunos, discutindo o Demônio da Teoria de Compagnon. Ambos tinham opiniões contrárias ao autor ao mesmo tempo em que divergiam entre si. O texto falava sobre uma das questões mais comentadas quando o assunto é arte: o que é literatura? Segundo um dos alunos, a pergunta correta deveria começar com "quando é...?", já que as expressões faladas, textos impressos ou manuscritos, ou até mesmo um blog podem ser considerados literários.

Houve um comentário a respeito de Aristóteles e Platão, já que em sua época o termo literatura não existia, entretanto ambos ditavam regras de comportamento e seguimento das expressões artísticas, não considerando como arte a comédia e o canto satírico, apenas as tragédias. Um terceiro aluno se juntou ao diálogo, com uma opinião voltada para a idéia de interpretação, comentando que para ele, o termo Literatura só se aplica a ficção, já que esta tem uma função estética. Momento para comentários de Eliana Mara, em que ela concluiu que definir literatura não é o mais importante.

Parada para o lanche. Na volta, três alunas se apresentaram juntas. A primeira, comentando as explosões de linguagem que existem no mundo e como é necessário aprender a ler, não só palavras, mas um prédio, por exemplo, ou uma pintura, um filme, uma expressão... A segunda procurou definir o termo leitura, usando sua origem no Latim, em que legere significava colher, armazenar. A terceira comentou a função do leitor, "ser solidário, mas não solitário".

Não houve tempo suficiente para todos os alunos: adiar foi a solução. Ao fim de todas as considerações finais, os blogs das turmas foram trocados e foi definido o roteiro da próxima aula.

Em qualquer situação, em qualquer lugar, o ritual se faz presente. O aluno apavorado da sexta passada sumiu... Teria ele fugido? De qualquer forma, rodinha, beijinhos, palminhas e despedidas.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Citações

Eu gosto de citações... Na verdade, gosto de umas com a mesma intesidade que detesto outras... Aquelas famosérrimas, batidas que muita gente adora comentar são um bom um exemplo para o segundo caso...


Bem, a meu ver, algumas são muito boas e não tiro seu valor. Mas o que irrita muito, pelo menos a mim, é a repetição. Imagino que muitas por serem tão boas acabam sendo tão repetidas. Tem um efeito parecido com os clichês, aqueles que você não aguenta mais ao mesmo tempo que assume sua veracidade...


As minhas preferidas, geralmente, são as engraçadas...


Enfim... Não tinha pensado na possibilidade de postar as citações que a profa. Eliana Mara nos pediu para guardar até um comentário cheio de pesar que ela soltou hoje...
Antes tarde do que nunca!

Castelo:
"O mundo anda tão caótico que Deus logo aumenta os Dez Mandamentos para vinte."


"O egocêntrico ficou tão cheio de si que se suicidou"


Millôr:
"A feiura tem uma vantagem: dura mais do que a beleza."


"Você pode evitar descendentes mas não pode evitar antepassados."


Picasso:
"Toda criança é artista. O problema é permancer artista depois de crescer."


Cazuza:
"Fico feliz quando penso que o homem difere dos bichos e das plantas porque pode amar sem reproduzir - embora o papa não goste disso."


John Lennon:
"A vida é aquilo o que acontece enquanto você faz planos."


George Bernard Shaw:
"Tem gente que sonha com realizações importantes e há quem vá lá e realiza."


Michel Eyquem de Montaigne:
"A palavra é metade de quem a pronuncia e metade de quem a escuta."


Anônimo:
"Nasci careca, pelado e sem dente. O que vier é lucro."


Maria Von Ebner-Eschenbach:
"Não acreditamos em reumatismo nem em amor verdadeiro até o primeiro ataque."


Madonna:
"Pobre é o homem cujos prazeres dependem da permissão de outro."

domingo, 5 de outubro de 2008

In The Flesh?


Desenho de Tiago Vieira.

"So ya thought ya might like to go to the show
To feel the warm thrill of confusion
That space cadet glow?
Tell me is something eluding you sunshine?
Is this not what you expected to see?
If you wanna find out what's behind these cold eyes
You'll just have to claw your way through this disguise"
Pink Floyd

A Perfeição - Clarice Lispector


O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.

O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.

Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.

O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.

Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.

sábado, 4 de outubro de 2008

Oficina em sala de aula - 03.10.2008

Poesias, poesias, poesias, pequena exposição, carta, rodinha, beijinhos...

A aula foi toda voltada a poesia. Já na dinâmica de chegada, precisamos escolher uma do livro que caísse em nossas mãos, como uma forma de dizer bom dia a turma. Depois de uns minutos, com algumas pessoas ainda chegando, a atividade foi completada e dissemos nossos "bom dia".

O próximo assunto foi poesia mesmo. Eliana foi pra parte teórica do assunto. E nos foi dada outra atividade relacionada com o tema. Dessa vez, escolher uma poesia para tentar interpretar a técnica usada pelo autor. Além disso, ela deu a cada aluno duas folhas de papel e algumas canetinhas, para que expressássemos visualmente no papel o tema do autor.

Depois de trinta minutos de trabalho, houve uma pequena exposição na qual os trabalhos de cada aluno foi colado na parede. Cada um comentaria o porquê de ter feito esse desenho ou escrito aquela frase. As motivações foram diversas, de interrogações representando a falta de ligação com a poesia, ou um desenho por não ser tão fã do estilo, ou um esquema explicando detalhes do que foi lido, também alguns expondo como vêem esse tipo de escrita... Entre outros.

Intervalo. Na volta, Eliana nos deu uma atividade diferente. Envelope e selo para todos: uma carta para ser escrita e enviada a ela, com o objetivo de chegar em sua casa no máximo na quinta-feira. Envelope decorado está valendo, além de algum caso ou história que não seja muito pessoal a ponto de não poder ser contada em sala.

Atividades para a próxima semana definidas. Rodinha tradicional de fim de aula. Algum aluno ficou apavoradíssimo com o fato de estar ao lado de outro homem nessa tradição de fim de aula que envolve beijinhos no rosto. Risada geral. Frases finais, beijinhos finais, palminhas finais.